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Embora a identificação e a padronização dos resultados em saúde que melhor medem o valor para cada condição médica, numa perspectiva de longo prazo, tenham recebido uma grande atenção, a análise de custos mostrou um entusiasmo moderado na comunidade da saúde. Poucos são os estudos que podem ser encontrados que apresentam resultados que integram custos e resultados em saúde. Mas, as comparações baseadas em valor não são possíveis se ignorarmos o custo de gerar resultados em saúde.

O conceito de Porter para Saúde Baseada em Valor (VBHC) define valor como os resultados em saúde alcançados por custo unitário, considerando a avaliação de resultados e de custos para toda a cadeia de valor da prestação de cuidados. Na prestação de serviços, a cadeia de valor captura todos os processos que são realizados  para alcançar os resultados em saúde, com base num ciclo de cuidados ajustado a cada condição médica específica.

Time-Driven Activity-based Costing (TDABC)

Alinhado com o modelo VBH de Porter, Kaplan e Anderson sugeriram a análise de custos com base no método TDABC, focado no processo que se equilibra entre um método válido e os recursos razoáveis que são necessários para isso. Ao sacrificar a precisão sobre a exatidão, este método exige menos recursos para implementar a contabilidade de custos quando comparado com os métodos tradicionais de custeio baseados em atividades.

Simplificando: o método contabiliza o custo de um determinado recurso por unidade de tempo.

Conforme proposto por Kaplan e Porter e simplesmente descrito por Keel et al. (2019), o TDABC pode ser implementado pelas organizações de saúde através duma abordagem em 7 passos:

Passo 1: Selecionar a condição médica

Passo 2: Definir a cadeia de valor da prestação de cuidados, ou seja, identificar todas as atividades-chave realizadas em todo o ciclo de cuidados

Passo 3: Desenvolver mapas de processos que incluam cada atividade envolvida na prestação de cuidados ao doente e incorporem todos os recursos diretos e indiretos de fornecimento de capacidade

Passo 4: Obter estimativas de tempo para cada processo, ou seja, obter estimativas de tempo para atividades e recursos usados

Passo 5: Estimar o custo do fornecimento de recursos necessários à prestação de cuidados ao doente, ou seja, o custo de todos os recursos diretos e indiretos envolvidos na prestação de cuidados

Passo 6: Estimar a capacidade de cada recurso e calcular a taxa de custo-capacidade

Passo 7: Calcular o custo total de provisão de cuidados 

Este método de contabilidade de custos usa um método de micro-custos e requer dois parâmetros-chave: a taxa de custo-capacidade e o tempo para realizar as diferentes atividades na cadeia de valor da prestação de cuidados. Entrevistas com especialistas, grupos de foco, mapeamento de processos, capacidade de fornecer recursos diretos e indiretos e estimativas de custos são algumas das etapas necessárias para calcular o custo do tratamento do doente. 

Este método de contabilidade foi acoplado ao VBHC conforme relatado em muitos estudos publicados para várias trajetórias clínicas. Provou ser um agente catalisador para o redesenho de cuidados tendo em consideração os custos, permitindo que os prestadores de cuidados  tenham informações precisas de custos ao nível do doente. Foram relatadas diferenças substanciais de custo entre os métodos de contabilidade tradicionais e o TDABC, embora tenha sido defendido que o último pode apoiar melhor o redesenho das trajetórias do doente; em última análise, isso pode levar a melhores decisões na alocação de recursos.

A variação entre as diferentes aplicações do método TDABC ainda é um desafio a ser abordado. As aplicações práticas devem relatar explicitamente e justificar quando as etapas são ignoradas ou modificadas, caso contrário, a validade da análise é difícil de avaliar e a comparação entre os diferentes serviços é impraticável.

— Sobre o autor —

Enquanto Diretora Executiva, a Ana Rita lidera a componente científica do VOH.CoLAB, desenvolvendo fortes redes colaborativas e multidisciplines com empresas e a academia para implementar pilotos em contexto real com o envolvimento total de pressionais de saúde e doentes, validando ferramentas e metodologias e potenciando a transformação digital em Saúde e qualidade de vida dos cidadãos.

References

Kaplan, R. S. & Anderson, S. R. Time-driven activity-based costing. Harvard Business Review (2004).

Keel, G., Savage, C., Rafiq, M. & Mazzocato, P. Time-driven activity-based costing in health care: A systematic review of the literature. Health Policy (2017). doi:10.1016/j.healthpol.2017.04.013

Kaplan, R. S. & Porter, M. E. How to solve the cost crisis in health care. Harv. Bus. Rev. (2011).

McLaughlin, N. et al. Time-driven activity-based costing: a driver for provider engagement in costing activities and redesign initiatives. Neurosurg. Focus (2014). doi:10.3171/2014.8.focus14381

Alaoui, S. El & Lindefors, N. Combining time-driven activity-based costing with clinical outcome in cost-effectiveness analysis to measure value in treatment of depression. PLoS One (2016). doi:10.1371/journal.pone.0165389

Palsis, J. A., Brehmer, T. S., Pellegrini, V. D., Drew, J. M. & Sachs, B. L. The Cost of Joint Replacement. J. Bone Jt. Surg. 100, 326–333 (2018).

Demeere N, Stouthuysen K, Roodhooft F. Time-driven activity-based costing in an outpatient clinic environment: development, relevance and managerial impact. Health Policy. 2009 Oct;92(2-3):296-304. doi: 10.1016/j.healthpol.2009.05.003. Epub 2009 Jun 7. PMID: 19505741.