A implementação de métodos de medição de resultados e custos é o ponto de partida para avaliar e aumentar o valor em saúde. A Saúde Digital desempenha um papel importante na inovação direcionada para VBHC, em domínios como a telemonitorização de resultados, autogestão de cuidados, optimização de processos na prestação de cuidados de saúde, análise preditiva para a prevenção de complicações e interoperabilidade dos dados. Ao recorrer a métodos de medição, a inovação em digital health apoiará resultados sustentáveis e de longo prazo nos cuidados de saúde.
Medição de resultados de longo prazo
O VBHC começou com foco no desenho de caminhos em Saúde para condições médicas específicas e ciclos de cuidados. A ambição de ter resultados padronizados que possam ser usados para benchmarking dá um passo adiante: a recolha e agregação dados de saúde de cada paciente, numa coorte específica, de vários serviços de saúde, para uma análise de benchmarking válida. Além disso, a ambição de resultados de longo prazo e sustentados dá um segundo passo: a recolha de dados de saúde ao longo do processo de cuidados, tanto em internamento como em ambulatório.
Seguindo o modelo de Triplo Valor, ao nível da população, a recolha de resultados vai muito além do ciclo de cuidados: será necessária inovação nas tecnologias de monitorização que recolhem de forma abrangente os resultados de saúde de grupos de cidadãos e os envolvem para aumentar o valor em Saúde. Isso é particularmente desafiador em grupos de doentes com condições complexas de longo prazo. Como Erik Janssen escreve num artigo de opinião:
“The question we must ask ourselves is: how can we leverage these new technologies and innovations to start delivering on outcomes and experiences that matter, so patients with severe, chronic conditions can start to live longer and better lives?”.
(Tradução do autor) “A pergunta que devemos fazer a nós próprios é: como podemos alavancar estas novas tecnologias e inovações para começar a entregar resultados e experiências que importam, para que doentes com condições crónicas graves possam começar a viver vidas mais longas e melhores?”
eHealth
O crescimento real da saúde digital ou, por outras palavras, eHealth, por meio de uma nova geração de conectividade (5G), tecnologias móveis (por exemplo, smartphones, wearables, dispositivos IoT e aplicativos) e plataformas de ciência de dados modernas, estão a trazer enormes oportunidades para a Saúde. Sem dúvida, as tecnologias digitais para a saúde são facilitadoras para VBHC, uma vez que oferecem meios abrangentes para a recolha de resultados e custos, bem como para avaliar o valor e apoiar novos processos para melhoria de valor.
Desafios para a transformação digital
No entanto, é importante desenhar tecnologias de uma forma que facilite a medição de resultados e custos, uma vez que as tecnologias não são obrigatórias para aumentar o valor em saúde. A baixa acessibilidade, aceitação e adesão às tecnologias estão entre os vários fatores humanos que levam a um ritmo lento na transformação digital para a saúde. Além disso, segurança, a privacidade e confiança de dados de saúde são um desafio a ser enfrentado nesta transformação digital. O cumprimento das diretrizes e regulamentações parece ser insuficiente para garantir a confiança dos sistemas de saúde e pode dificultar a inovação tecnológica devido ao medo. Um compromisso sério com os regulamentos e a transparência do uso de dados pelos desenvolvedores de tecnologia e prestadores de cuidados de saúde é importante para envolver os utilizadores de sistemas de saúde na inovação digital.
Transdisciplinaridade para design de tecnologia
A contribuição de vários domínios do conhecimento é uma chave essencial para permitir que a tecnologia conduza o propósito de aumentar o valor em saúde, apoiando resultados sustentáveis e de longo prazo com o mínimo de desperdício. As ciências médicas, ciências económicas-sociais, direito e linguística devem trabalhar em colaboração com os desenvolvedores de tecnologia para desvendar o potencial da transformação digital para um maior valor na Saúde.
— Sobre o autor —
Enquanto Diretora Executiva, a Ana Rita lidera a componente científica do VOH.CoLAB, desenvolvendo fortes redes colaborativas e multidisciplines com empresas e a academia para implementar pilotos em contexto real com o envolvimento total de pressionais de saúde e doentes, validando ferramentas e metodologias e potenciando a transformação digital em Saúde e qualidade de vida dos cidadãos.
Referências
How can We Successfully Converge the Health and Technology Ecosystems to Create Value for Patients?
https://eiuperspectives.economist.com/sites/default/files/ValuebasedhealthcareEurope.pdf